O que é o Desenho de Movimento?
25-03-2010 10:40Neste tipo de desenho, pede-se ao modelo que faça uma pose muito activa durante um minuto ou menos e a altere, sem pausa, de uma pose à seguinte. Logo que o modelo assuma a pose, deve-se desenhar deixando o lápis fluir à vontade sobre todo o papel, sendo impelido pelo sentido da acção que se sente. Desenha-se rapidamente e continuamente com uma linha incessante, de cima para baixo, às voltas e voltas, sem tirar o lápis do papel. Deixa-se o lápis vaguear, denunciando o gesto.
DEVE-SE DESENHAR, NÃO O QUE A COISA PARECE, NEM O QUE É, MAS O QUE ELA ESTÁ A FAZER. Sinta como a figura se eleva ou se inclina – avance – recue – os avanços para fora – caem facilmente lá. Suponha que o modelo faz a pose de um lutador com punhos encostados firmemente e com um impulso da maxila para a frente, furiosamente. Tente desenhar o impulso real da maxila, o aperto das mãos. Um desenho de lutadores deve mostrar o avanço, do pé ao punho.
Se o modelo se debruçar para apanhar um objecto, desenhe a curva real e a guinada do tronco, o alcance para baixo do braço, o alcance da mão. O desenho pode não ter sentido para uma pessoa que o vê, ou para você mesmo, depois de ter esquecido a pose. Pode não haver nada nele para sugerir a forma da figura, ou a figura pode ser um tanto evidente. Isto não importa.
Como o lápis vagueia, ele tocará, às vezes, os contornos da forma, mas mais frequentemente ele viajará pelo centro das formas e muitas vezes ele sairá fora da figura, até fora do papel, completamente. Não o impeça. Deixe-o mover-se à vontade. Antes de mais nada, não tente seguir os contornos.
É só a acção, o gesto, que você tentará mostrar neste desenho, não os detalhes da estrutura. Você deve descobrir – e sentir – que o gesto é dinâmico, é movimento, não estático. O gesto não tem nenhum contorno exacto, nenhuma forma exacta, nenhuma forma moldada. As formas estão no acto da modificação. O gesto é o movimento no espaço.
Para poder ver o gesto, você tem que ser capaz de senti-lo no seu próprio corpo. Deve sentir que faz o que o modelo está a fazer. Se o modelo se inclinar ou esticar, empurrar ou descansar, deve sentir que os seus próprios músculos também se inclinam, ou esticam, empurram ou descansam. SE VOCÊ NÃO RESPONDER DE FORMA IDÊNTICA À QUE O MODELO ESTÁ A FAZER, NÃO PODERÁ ENTENDER O QUE VÊ. Se não se sentir como o modelo se sente, o seu desenho é só um mapa ou um plano.
Tal como o contorno, o gesto está estreitamente relacionado à experiência táctil. No desenho de contorno você sente que está a tocar a borda da forma com o dedo (ou lápis). No desenho de gesto você sente o movimento da forma inteira em todo o seu corpo.
O foco deve estar na figura inteira e deve guardar tudo isso, em simultâneo. Tente sentir o todo como uma unidade – uma unidade de energia, uma unidade de movimento. Nos primeiros cinco segundos, deve registar algo que indique cada parte do corpo na pose.
Às vezes, os estudantes perguntam se devem pensar no gesto, nisto ou naquilo ou noutro caminho. A resposta é que devem confiar mais na sensação do que no pensamento. Simplesmente, devem responder com os músculos ao que o modelo está a fazer quando observam, e devem deixar o lápis registar essa resposta automaticamente, sem deliberação. Devem soltar-se. Relaxar. Na maior parte do tempo, o instinto guiará, às vezes, guiará melhor se aprender a deixá-lo actuar prontamente e directamente sem interrogá-lo. Deve-se aprender a raciocinar com o lápis, com os impulsos que surgem entre o estudante e o modelo. Em resumo, deve-se escutar os pensamentos; não se deve insistir a forçar-se a pensar.
Kimon Nicolaides
———
Voltar