O que é o Desenho de Contorno Puro?

25-03-2010 10:41

Neste tipo de desenho foque o olhar num ponto do modelo, qualquer um. Encoste a ponta do lápis no papel. Imagine que a ponta do lápis está a tocar o modelo ao invés do papel. Sem tirar os olhos do modelo espere até que esteja convencido de que o lápis está a tocar o modelo onde seus olhos estão pousados.

Então mova os olhos, lentamente, pelo contorno do modelo e mova o lápis, lentamente, sobre o papel. Enquanto faz isso, mantenha-se convencido de que a ponta do lápis está a tocar o contorno. Guie-se mais pelo tacto do que pela visão. ISTO SIGNIFICA QUE VOCÊ DEVE DESENHAR SEM OLHAR O PAPEL, e deve olhar continuamente para o modelo.

Coordene exactamente o lápis com o olho. O olho ficará tentado a mover-se mais rapidamente que o lápis, mas não o deixe adiantar-se. Considere apenas o ponto que você está a trabalhar no momento, sem se importar com nenhuma outra parte da figura.

Algumas vezes, perceberá que o contorno que está a desenhar deixa a borda da figura, desaparecendo. Quando isto acontecer, olhe rapidamente para o desenho para localizar o ponto para reiniciar. Este novo ponto deve ser escolhido num ponto da borda quando o contorno virou para dentro. Consequentemente você olhará para o papel algumas vezes durante o exercício, mas sem desenhar. Ao recomeçar, antes de desenhar, pouse a ponta do lápis no papel, fixe os olhos no modelo e espere até estar convencido de que o lápis está a tocar o modelo.

Nem todos os contornos estão na borda exterior da figura. Por exemplo, se você tem a visão frontal da face, verá contornos definidos ao longo do nariz e da boca que não têm conexões com a borda. Tanto quanto o tempo de estudo permitir, tente desenhar estes “contornos internos” exactamente da mesma forma que os externos. Desenhe tudo que o seu lápis possa registar e ser guiado ao longo do tempo. DESENVOLVA A CONVICÇÃO ABSOLUTA DE QUE ESTÁ A TOCAR O MODELO.

Este exercício deve ser realizado lentamente, sensitivamente, explorativamente. Tenha tempo. Não seja impaciente ou muito rápido. Não existe sentido em terminar nenhum estudo de contorno. Na verdade, um estudo de contorno não é uma coisa que possa ser terminada. É um tipo de experiência específica, que pode continuar enquanto tiver paciência para olhar. Se no tempo disponível não chegar nem a metade da figura, não importa. Muito melhor! Mas se você terminar muito cedo, existem sérias hipóteses de que esteja a encarar o exercício erradamente. Um desenho de contorno é como subir uma montanha comparado com o passar por cima dela de avião. Não é uma olhada na montanha à distância, mas uma lenta, sofrida subida, passo a passo.

Não se preocupe com as proporções da figura e não seja guiado pelas sombras. Quando toca a figura você sente o mesmo estando a parte na luz ou na sombra. O seu lápis move-se não pela borda da sombra, mas pela borda real da forma.

No início, não importa o quanto você tente, poderá achar difícil quebrar o hábito de olhar para o papel enquanto desenha. Você pode olhar sem se aperceber. Peça a um amigo para o avisar sempre que você olhar para o papel. Você descobrirá se estiver a olhar frequentemente ou a cometer o erro de desenhar enquanto olha.

Kimon Nicolaides

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